Evangelho
Apostila de Estudos do Evangelho de Lucas

Atualizado em 09/10/2025
CAPÍTULO 5 (Lc 5:1-39)
Aula 41- Pecados perdoados
(Lucas 5:20-26)
5:20 E, vendo a fé dele, disse: Homem, os teus pecados estão perdoados. 5:21 Os escribas e fariseus começaram a arrazoar, dizendo: Quem é este que fala blasfêmia? Quem pode perdoar pecados senão o Deus único? 5:22 Jesus, sabendo do arrazoado deles, em resposta, lhes disse: Por que arrazoais em vossos corações? 5:23 Que é mais fácil, dizer “estão perdoados os teus pecados” ou dizer “levanta-te, e anda”? 5:24 Ora, para que saibais que o filho do homem tem poder, sobre a terra, de perdoar pecados, disse ao paralítico: Eu te digo: Ergue-te, toma teu catre e vai para tua casa. 5:25 E, imediatamente, levantando-se diante deles, tomando {o leito} no qual estivera deitado, partiu para sua casa, glorificando a Deus. 5:26 O êxtase tomou a todos; glorificavam a Deus e se encheram de temor, dizendo: Hoje, vimos {coisas} extraordinárias.
Ao nos depararmos com a expressão “os teus pecados foram perdoados” podemos ter a impressão de que o desligamento, a libertação dos nossos erros depende de Jesus. Jesus é nosso modelo e guia, é seguindo o seu ensinamento que nos libertamos dos erros.
Mas a libertação compete a nós mesmos. “A cada um segundo as suas obras”.
Quando Jesus disse isso ao paralítico, os escribas e os fariseus ficaram enlouquecidos. Achavam que o que Jesus disse era uma blasfêmia, pois os judeus associavam a doença aos erros cometidos, às impurezas do espírito, e acreditavam que só Deus pode “perdoar os pecados”.
Mas Deus não age diretamente sobre nós. Deus age através de suas Leis cósmicas eternas, entre elas a Lei de causa e efeito, segundo a qual nós colhemos aquilo que plantamos. Somos nós que acionamos as Leis de Deus ao agirmos.
Nossa ação e suas consequências estão subordinadas às Leis de Deus.
Mas os escribas e fariseus consideraram as palavras de Jesus uma blasfêmia, pois Jesus declarou que os erros do paralítico haviam ficado para trás, e eles achavam que essa declaração competia exclusivamente a Deus.
Jesus leu os seus pensamentos, num fenômeno avançado de telepatia, o que ele sempre fazia, graças à sua grande superioridade espiritual, e perguntou-lhes:
“Qual é mais fácil? dizer: Os teus pecados te são perdoados; ou dizer: Levanta-te, e anda? Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra poder de perdoar pecados (disse ao paralítico), a ti te digo:
Levanta-te, toma a tua cama, e vai para tua casa”.
Jesus não disse ao paralítico que ele estava curado. Jesus declarou que os erros do paralítico haviam ficado para trás, que ele estava libertado dos seus erros, que ele não era mais escravo dos seus erros passados.
Como consequência deste fato e da sua declaração, através do incalculável poder magnético de Jesus, o corpo físico sofreu a consequência da libertação espiritual e ficou curado.
Lucas chama a atenção para o fato de que em Jesus, naquela ocasião, “a virtude do Senhor estava ali para os curar. A palavra grega traduzida como virtude é dynamis (δυναμις), que quer dizer “poder”. Havia, então, poder do Senhor para ele curar”.
Se hoje nós vemos pessoas de diversas correntes religiosas, ou mesmo sem religião, capazes de promover curas, no que o Espiritismo denomina de mediunidade de cura, imagine o que devia ser o poder de Jesus!
Mas o que ressalta desta passagem não é o aspecto material, que é apenas consequência. Os fatos materiais foram provocados por Jesus para que os seus simbolismos ficassem gravados para a posteridade. O importante é o aspecto espiritual.
O paralítico é o espírito estagnado, que depois de muito errar e de muito sofrer as consequências dos seus atos, perdeu a tal ponto a iniciativa, o dinamismo, que está paralisado, estagnado evolutivamente.
Mas despertou para o Cristo, busca o Cristo, supera todos os obstáculos e se renova. Seus erros foram deixados para trás, ele pode recomeçar.
Jesus diz para ele levantar-se, pegar a sua cama e ir para casa. É o mesmo que dizer ao espírito arrependido e ansioso por recomeçar: - “Saia da estagnação, carregue o seu corpo físico e vá para o mundo físico, reencarne”.
Jesus manda o paralítico carregar a cama. Isso tanto pode representar o corpo físico, que ficou curado porque o espírito se libertou dos seus erros, assumindo nova postura, como também pode representar o passado do homem, o passado em que ele vivia apoiado, que já não é necessário para ele apoiar-se, mas que deve ser carregado, ainda, como lembrança do que lhe aconteceu, como uma bagagem espiritual.
Nestas duas curas, do leproso e do paralítico, vemos que primeiro houve a purificação do espírito e depois a cura do corpo físico.
O físico é consequência do espiritual. A causa é o espírito, o efeito é o corpo.
A fé, para o leproso e o paralítico, representa ação. Não é crença, é ação.
Jesus disse: Amai os vossos inimigos. Esta máxima nos revela o que há de mais sublime na caridade cristã. Mas Jesus não queria dizer que devemos ter pelos inimigos a mesma ternura que dedicamos aos amigos.
Por essas palavras ensina-nos a perdoar as ofensas, perdoar todo o mal que nos fizerem e pagar o mal como bem. Além do merecimento que tem essa conduta aos olhos de Deus, serve para mostrar aos homens o que é a verdadeira superioridade.
EADE-2: MÓDULO 4 – ROTEIRO 1
O PARALÍTICO DE CAFARNAUM
“E Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho, perdoados estão os teus pecados (Mc 2:5).
Jesus atendeu o paralítico, fundamentando-se na fé revelada por este e na dos seus intercessores, manifestada em atos de coragem e de abnegação. A fé do enfermo e dos cooperadores, tendo como base a misericórdia divina, culminou em concessão de nova oportunidade para a superação de débitos contraídos em existências pretéritas.
Assim, a expressão: “disse ao paralítico”, atravessa os séculos e chega ao presente, nos fazendo ponderar a respeito da força do magnetismo do Cristo que, agindo com amor e sabedoria, concede nova oportunidade àquele companheiro.
Muitas pessoas confessam a necessidade do Cristo, mas frequentemente alegam obstáculos que lhes impedem a sublime aproximação [...]. Todavia, para que nos sintamos na vizinhança do Mestre, como legítimos interessados em seus benefícios imortais, faz-se imprescindível estender a capacidade, dilatar os recursos próprios e marchar ao encontro Dele, sob a luz da fé viva.
A afirmação de Jesus ao paralítico: “Filho, perdoados estão os teus pecados”, expressa que ele, o Cristo, estava ciente do novo estado de alma do enfermo. “Filho” é expressão carinhosa aplicada ao homem renovado pelas provações, mas capaz de refletir os ensinamentos de Jesus nas suas ações e exemplificações no bem.
A este respeito, informam os Espíritos superiores que o perdão é medida de inteligência e bom senso que nos desoneram de vinculações complexas e indesejáveis. Allan Kardec nos dá uma explicação clara do significado das palavras do Cristo “perdoados estão os teus pecados”.
Por meio da pluralidade das existências, ele [o Espiritismo] ensina que os males e aflições da vida são muitas vezes expiações do passado, bem como que sofremos na vida presente as consequências das faltas que cometemos em existência anterior e, assim, até que tenhamos pago a dívida de nossas imperfeições, pois que as existências são solidárias umas com as outras.
Se, portanto, a enfermidade daquele homem era uma expiação do mal que ele praticara, o dizer-lhe Jesus: Teus pecados te são redimidos equivalia a dizer-lhe: pagaste a tua dívida; a fé que agora possuis elidiu a causa da tua enfermidade; conseguintemente, mereces ficar livre dela.
“E estavam ali assentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seu coração, dizendo: Por que diz este assim blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus? (Mc 2:6-7).
Quem se dedica ao esforço de superação das próprias imperfeições, se defronta com as reações voltadas contra os propósitos de melhoria.
Vemos, de um lado, Jesus conclamando a criatura ao serviço de melhoria espiritual, do outro, as insinuações da própria inferioridade moral plantadas e arraigadas no psiquismo, expressas no “arrazoavam entre si”. A discussão era uma tentativa de abafar os propósitos de edificação espiritual que o Cristo lhes disponibilizava naquele momento.
É oportuno observar que, da mesma forma que o doente se apoiou nos amigos para colocá-lo no caminho da cura, os escribas se apoiaram, mutuamente, para neutralizar o esforço de mudança suscitado pelas palavras do Cristo, preferindo continuar presos à interpretação literal dos ensinamentos da Lei de Moisés. De certa forma, esta atitude encontra respaldo no tipo de trabalho executado pelos escribas.
Sabemos que a cura foi efetivada porque Jesus percebeu que o tempo de expiação da doença tinha chegado ao fim. “Estão perdoados os teus pecados” indica também que as causas geradoras da paralisia deixavam de existir, a partir daquele momento, e que a expiação chegava ao seu término. As verdades espíritas nos orientam que nada acontece por acaso e que um axioma governa nossa existência: todo efeito tem uma causa geradora.
Ora, ao efeito precede sempre a causa, se esta não se encontra na vida atual, há de ser anterior a essa vida, isto é, há de estar numa existência precedente. Por outro lado, não podendo Deus punir alguém pelo bem que fez, nem pelo mal que não fez, se somos punidos, é que fizemos o mal; se esse mal não o fizemos na presente vida, tê-lo-emos feito noutra.
O espírita sabe, pois, que o seu comportamento será sempre atestado pelas ações que desenvolve e, de modo mais autêntico, pelos esforços que emprega no sentido de domar as suas más inclinações. Exercitando a lógica (razão) e o bom senso, fundamentados na fé raciocinada, verificamos que os ensinos de Jesus nos conduzem a questionamentos sobre o nosso próprio comportamento.
O Espiritismo nos estimula responder: “que”, “porque”, “qual”, “quem”, “onde” etc., necessários à análise, comparação e comprovação dos fatos. Sendo assim, a ideia da reencarnação explica como e porque o enfermo adquiriu a paralisia, e como fazer para dela se libertar. Não é a reencarnação o ensejo de reconstrução do passado delituoso, um verdadeiro perdão de Deus?
Perdoando os pecados cometidos pelo paralítico ou, simplesmente, dizendo-lhe: “Levanta-te, e toma o teu leito, e anda”, Jesus nos faz lembrar questões relativas ao livre-arbítrio, à lei de causa e efeito, ao arrependimento, às provas e expiações, à reencarnação, ao trabalho de melhoria espiritual, às manifestações de solidariedade, à misericórdia e à reparação de faltas cometidas, dentre outras.
A expressão imperativa: “Levanta-te” está carregada de grande magnetismo e determinação. A partir daquele momento não existe mais um paralítico e, sim, um Espírito que deve adotar nova atitude, dispor-se ao labor, não esquecendo, no entanto, de que carrega consigo resíduos ou reflexos de uma experiência menos feliz, vivida anteriormente.
LIVRO EM ESTUDO | Apostila de Estudos Evangelho de Lucas |
LIVRO TEMA: | O SEGUNDO EVANGELHO OU ESPIRITISMO |
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